Com a exposição ’33 minutos de escravidão – uma viagem pela história’ a Tumboa Gallery e o artista de origens angolanas Sisay trazem a público um conjunto de trabalhos artísticos que incitam à reflexão sobre uma das facetas mais cruéis da humanidade.
Prática comum à maioria das sociedades e tempos históricos, a sujeição de alguém à condição de escravo consiste antes de mais num processo de desumanização. Ao ver-se destituído da sua liberdade o escravo deixa de ser um indivíduo e passa a ser um bem passível a ser explorado. O escravo terá sempre de conjugar e posicionar a sua existência entre a realidade de pessoa e a de propriedade.
Neste projeto em que o artista Sisay procura integrar artisticamente dois temas que lhe são prezados: a injustiça social e a escravidão. Num conjunto composto por pinturas e desenhos em tinta da china, o artista procurou uma abordagem que não ficasse limitada a uma perspetiva unívoca da temática, mas que agregasse nuances das variadas formas e modalidades onde servidão e opressão estão presentes.
As razões que levam alguém a um estado cativo foram variando de cultura para cultura ao longo dos tempos. E embora a escravatura de base racial tenha maior repercussão na consciência pública, dada a magnitude desta prática durante cinco séculos, a verdade é que sempre houveram várias formas de exercer a subjugação, e a essa compreensão da escravatura enquanto instituição, que prevaleceu no contexto transatlântico do desenvolvimento do Novo Mundo, será fundamental agregar outros modos que foram evoluindo ao longo do tempo.
Não obstante a abolição da prática, e todo o proveito alcançado através desses esforços, não podemos ignorar que persistem ainda hoje várias maneiras de restringir a liberdade dos indivíduos. Sejam de teor sexual, laboral, governamental, religiosa, etc.